sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre a Crise Nos EUA

O dia W

Você já viu esse filme: pressionado pelo nervosismo do mercado financeiro e pela fuga de capitais, o presidente se reúne com a sua equipe econômica. Ouve que o país pode quebrar em função da liberalidade na fiscalização sobre operações bancárias. Ninguém sabe ao acerto a quantidade de papéis podres em poder dos bancos e o que pode acontecer caso algum deles entre em bancarrota. Eles ligam para os líderes do principal partido da oposição que, diante do medo da crise, concorda em aprovar qualquer medida do governo. Ao final, eles informam aos jornalistas que o presidente fará um pronunciamento sobre um pacote de estímulo ao país. Acostumados a ver dirigentes do Brasil nessa situação, é estranho assistir esse enredo tendo os EUA como protagonista desse filme.


Hoje, pela primeira vez desde o governo Carter, um presidente dos EUA anuncia um pacote econômico (na acepção brasileira para o termo). O discurso de W. Bush será genérico, adianta The Wall Street Journal. Para pessoas físicas, deve incluir um aumento na restituição do imposto de renda. Para empresas, aumento nas alíquotas de abatimento com investimentos. Tudo somado, coisa de US$ 150 bilhões. “Num raro sinal de seu esforço para fechar um acordo com os Democratas, a Casa Branca informou que o plano não irá manter como permanente os cortes de impostos (para os mais ricos)”, informa o The New York Times. “Queremos um acordo rápido”, disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto.


Presidente mais impopular dos EUA e do mundo dos últimos trinta anos, W. Bush tem hoje a sua grande chance. Ele já vai entrar na história como o presidente do 11 de Setembro, da Guerra do Iraque sem apoio da ONU e das torturas nas prisões de Guantánamo e Abu Ghraib. Se o seu plano econômico não funcionar, pode somar ao currículo a primeira recessão americana em vinte anos, o maior calote hipotecário desde os anos trinta e uma quebradeira bancária em ritmo global. Há um segundo personagem na crise, o presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), Ben Bernanke. Ao contrário do seu antecessor, Allan Greenspan, tudo que ele fala é interpretado para pior.

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